Algumas vezes, um objeto torna a pessoa invisível, em outras vezes, esta habilidade é natural e há ainda casos nos quais a invisibilidade depende da hora do dia.

Imagine que você pudesse ser invisível de alguma forma. 

Como será que você iria conseguir este dom? 

Em que momentos você se tornaria invisível? 

Quais seriam as regras de sua invisibilidade? 

O que você faria se não fosse visto por olhos humanos? 

Escreva um texto sobre você e sua possível invisibilidade.  

  Os Anos de Sorte

  Meu sonho, sempre foi viajar pelo mundo todo, passar por os mais possíveis lugares, de norte à sul, e de leste à oeste, assim como o sonho da minha irmã gêmea. Todas as noites ouvíamos histórias de viajantes contadas por nossa mãe, Malu.

  Mas o nosso sonho, dificilmente seria realizado, pois não tínhamos dinheiro suficiente para fazer sequer uma viagem.

  Eu, Luciana, e minha irmã, Larissa, ficávamos tardes e mais tardes conversando sobre lugares onde queríamos ir. Nossa obsessão por viagens era tão grande, que muitas vezes ocupávamos dias escrevendo roteiros para nossos passeios. Mas era tudo um grande devaneio. Nunca teríamos a chance de sair sequer de nossa cidade natal, Porto Alegre, RS.

  Até que com 13 anos, nossa atual idade, aconteceu o que menos esperávamos em toda a nossa vida.

 Em um belo dia de verão, estávamos andando na rua onde moramos, quando, no final da rua sem saída, avistamos um chafariz de tamanho médio.

  - Luciana, desde quando existe esse chafariz no final da nossa rua? - perguntou minha irmã, Larissa.

  - Não sei Larissa, acho que ele apareceu na madrugada, pois ontem ele não estava ali. - eu deduzi.

  - Que estranho, é meio grande para ser transportado. E ainda mais, em tão pouco tempo.

  - É mesmo, mas se ele está ali, deve servir para alguma coisa.

  Eu e Larissa andamos até o chafariz, onde, em sua borda, havia um pequeno bilhete dobrado e grudado no chafariz por uma fita.

  - Será que devemos ler isso Luciana?

  - Creio que sim, se alguém colocou-o ali, deve ser para alguém ler.

  - Ok, deixe que eu leio.

  Assim, Larissa começou a ler o bilhete, que em segundos descobriríamos ser o mais importante de nossas vidas.

  - " Você que está lendo este bilhete, foi muito sortudo e corajoso, pois estas palavras podem mudar sua vida completamente!" Ai meu Deus Luciana, será que continuo lendo isso? Vai saber o que pode mudar.

  - Claro que continua! Deve ser coisa boa!

  - Mas se for coisa ruim? - Eu fiz uma cara tão assustadora para minha irmã, que ela decidiu continuar a ler, antes que eu arrancasse o bilhete da mão dela - " É muito simples, você só precisa de um chocolate preto. Vá até o chafariz, e coloque o chocolate na mão do soldado de pedra, que está ao lado do chafariz. - Larissa tomou fôlego, e continuou a ler -Se for dois leitores neste momento, consiga um chocolate branco, e coloque na mão do outro soldado. Após essa etapa, pegue um copo, e o encha com a água do chafariz, e logo depois, beba a água. Se for em duas pessoas, divida-o ao meio. Depois, ajoelhe-se na frente do chafariz, e faça um pedido em voz alta. Mas lembre-se, só pode ser feito um pedido neste chafariz, e não aceitamos pedidos materiais, somente físicos/abstratos. Boa sorte."

  Eu só percebi como o chafariz era lindo, após a leitura de Larissa. Ele tinha cor azul cobalto, e suas bordas eram douradas. Possuía detalhes encantadores, com tons de castanho. E em cada lado do chafariz, existia um soldado de pedra, um branco e o outro preto. Os soldados estavam com o braço estendido, e a mão aberta.

  - Nossa Larissa, esse chafariz é lindo!

  - Ah não me diga Luciana. - disse Larissa com ironia.

  - Bom e então, qual vai ser o nosso pedido? Não pode ser dinheiro. - Mudei de assunto rapidamente.

  - Vamos pedir algo para podermos viajar pelo mundo! Óbvio.

  Após alguns segundos de silêncio, gritei entusiasmada:

  - Aha! Já sei! Vamos pedir assim: "Desejo, que eu e minha irmã Larissa, poderemos viajar para muitos lugares do mundo durante dois anos!"

  - Ótimo Lu! Vamos pedir logo!

  - Calma Larissa, precisamos comprar os chocolates e beber a água do chafariz.

  Vinte minutos depois, estávamos na frente do chafariz, colocando os chocolates nas mãos dos soldados, e bebendo a água "milagrosa" do lindo chafariz.

 Nos ajoelhamos na frente do chafariz, e pedi em voz alta:

  - "Desejo, que eu e minha irmã Larissa, poderemos viajar para muitos lugares do mundo durante dois anos!"

  Um minuto se passou, quando, de repente uma voz surgiu do além:

  - Ótima escolha meninas. Mas seu desejo pode acabar se vocês não cumprirem as seguintes regras: vocês não podem, de nenhum modo, se beneficiar materialmente com o desejo. Se durante os dois anos, vocês roubarem ou conseguirem, por exemplo, dinheiro, sua viagem pelo mundo vai acabar. Então não tentem se beneficiar com o poder que ganharão, pois sofrerão as consequências. Ou seja, o poder de vocês vai ser tornar-se invisível. Vocês ativam o poder apertando no botão de uma pulseira que estará sempre em seus pulsos. Com isso, o desejo de vocês se realizará! Boa sorte.

  Assim, que a voz foi diminuindo, uma pulseira apareceu no meu pulso e no da Larissa.

  - Ai meu Deus Luciana. Vamos ativar o poder? - gritou minha irmã.

  - Isso é impossível, alguém deve estar zoando da nossa cara Larissa. - falei eu rindo.

  Sentei no chão, e coloquei a cabeça nos joelhos, pensando se tudo podia ser verdade ou se eu estava sonhando.

  Após um minuto de pensamentos, perguntei para Larissa:

  - O que você acha? Será que tudo pode ser verdade? Ou é uma brincadeirinha sem graça que alguém está fazendo para nós?

  Segundos se passaram, e Larissa não respondeu.

  - Larissa, não me deixe falando sozinha. O que você acha em?

  Mais alguns segundos se passaram e nada da resposta de Larissa. Assim, levantei a cabeça, ainda sentada.

  - Larissa cade você?

  Onde ela foi parar?

  - Larissa estou falando sério, pare de se esconder!

  De repente, do nada, Larissa apareceu na minha frente.

  - Ai meu Deus! Essa foi a coisa mais sensacional que já aconteceu na minha vida Luciana! - gritou Larissa com entusiasmo.

  - Como você apareceu do nada na minha frente?

  - Ué! Me tornei invisível.

  - Aham Larissa, acredito. - falei ironicamente.

  - Aé? Quer ver? Aperte o botão da pulseira!

  Fiquei parada alguns minutos olhando para Larissa e pensando. Será que aperto esse botão, ou a própria Larissa está zoando da minha cara?

  Pensei mais um minuto, passei os dedos pelo botão áspero, e apertei o botão.

  Naquele momento, eu não sabia no que pensar. Larissa tinha razão. O nosso desejo podia se tornar realidade. Eu estava completamente invisível! 

  - Larissa? Como...

  - Eu não falei? Isso é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida!

  

  E assim, meu maior sonho não ficará só na imaginação, mas sim na realidade.

  

 Hoje é o grande dia. Eu e Larissa vamos sair de Porto Alegre pela primeira vez. Viajar pelo mundo, fazer novas amizades, e novas conquistas virão.

  No dia do desejo, recebemos mais alguns bilhetes, que diziam que poderíamos começar nossa viagem três meses depois, para nos prepararmos. Também haviam dicas, como entrarmos em um avião, no modo invisível, e partirmos para o nosso destino. Também diziam para nós pouparmos dinheiro, pois não ganharíamos bens materiais. 

  Assim, eu e Larissa esperamos dois meses e meio, e conseguimos mil reais de um vizinho rico, pois um dia depois do desejo, ele veio na nossa casa e disse que viu tudo o que aconteceu no chafariz e que iria nos ajudar.

  Com planos, dinheiro e ansiedade fomos para o aeroporto. Mas antes, escrevemos um bilhete para mamãe, pois ela nunca acreditaria em nossa história sobre invisibilidade:

   

   " Mamãe, queremos pedir desculpas por o que vai acontecer em breve. Mas não se preocupe com nós, estaremos muito bem. O nosso maior sonho vai se tornar realidade. Viajaremos pelo mundo todo. Nós queríamos te contar pessoalmente, mas sabemos que você nunca iria permitir nossa partida. Ganhamos um poder muito especial (que se nós falarmos, você não vai acreditar), então vamos em segurança. Não fique triste por nós, e nem ache que ficamos loucas, lembre-se: isso vai ser para nossa felicidade. Esperamos que nos aceite de volta aqui a dois anos, quando estaremos nesta cidade novamente. Te amamos mamãe. De suas filhas Luciana e Larissa."

Chegamos no aeroporto na hora da partida do avião. Corremos até ele antes que partisse (estávamos invisíveis). Entramos atrás de algumas pessoas, e por sorte achamos alguns bancos livres. É claro que ninguém nos viu, então não precisamos pagar a passagem.

  O nosso destino era o Rio de Janeiro. Eu e Larissa, planejamos começar pelo Brasil, pois teríamos mais dois anos pela frente. Com o dinheiro que nosso vizinho nos deu, vamos comprar as comidas, mas como não teremos dinheiro para ficar em um hotel, vamos dormir na praia, ou nos bancos, ou em algum lugar que acharmos, sempre invisíveis. Vamos entrar nos aviões sem ser notadas, para não precisar pagar passagens, pois não teremos dinheiro para tudo, é claro.

  Dois anos depois, estávamos na rua onde tudo começou. 

  Viajamos por muitos lugares como: Argentina, Chile, Canadá, Estados Unidos, Espanha, Portugal, Itália, África do Sul, Índia, Japão, China, Austrália, França, Rússia, Nigéria e claro, por muitos estados do Brasil.

  Mas agora, acabou nosso tempo e nosso sonho, mas pelo menos ele se realizou.

Quando chegamos na nossa rua natal, olhamos para o fim da rua, e avistamos novamente o chafariz azul cobalto. O que ele estaria fazendo ali?

  - Larissa, por que será que o chafariz está lá? - perguntei.

  - Não sei. Vamos lá ver. - disse minha irmã.

  Andamos até ele e vimos um novo bilhete em sua borda.

  - Agora é sua vez de ler. - disse ela.

  - Ta ok. - Comecei a ler - " Gostaram de seu poder? Imagino que sim. Vocês fizeram tudo muito bem, e não tentaram se beneficiar com bens materiais. Por isso, vocês foram premiadas com uma invisibilidade por quantos anos desejaram. Com isso vocês poderão viajar, ou fazer o bem para o mundo."

  

  Esse foi um prêmio muito bom, pois com ele, mudamos o mundo todo. Não somos super heroínas, mas somos do bem, e não só nos beneficiamos com as viagens, mas conseguimos melhorar o mundo com a nossa invisibilidade. Se eu contar como mudados o mundo, vocês não vão acreditar.